quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A que este blog se propõe?

Este blog tratará de temas pertinentes à exploração animal, vegetarianismo, veganismo, defesa animal e assuntos correlatos. Pretendo, aqui, trazer ao debate as falácias, os clichês, polêmicas, mitos, tabus, equívocos, argumentos, controvérsias, qüiprocós, questionamentos, confusões e mal-entendidos que permeiam a argumentação de segmentos da defesa animal e, também, o discurso de pessoas e atores sociais que são coniventes com a exploração animal. Pôr as cartas na mesa e colocar os pingos nos is, analisando argumentos e pseudo-argumentos relacionados à exploração e à defesa animal, é o objetivo deste espaço.

Mas por que este debate é tão importante?

A cada minuto (menos tempo do que o que você vai demorar lendo este post), são confinados e morrem no mundo mais de 100 mil animais não humanos, para o consumo humano de suas carnes e derivados. Por ano, este número soma mais de 50 bilhões (mais de sete vezes a população humana mundial). Além destes, uma quantidade astronômica e incalculável de animais marinhos, de rua e selvagens são explorados todos os dias sob as justificativas de alimentação, paladar, controle de zoonoses, aquarismo, entretenimento, comércio de peles e outras.

Compreendida a ordem de grandeza desta exploração, fica faltando apenas reconhecer a senciência (capacidade de sofrer e experimentar prazer) dos animais para que se torne óbvia a sua enorme significância moral.

Questões moralmente significantes devem ser debatidas de forma clara e justa por - pelo menos - todos os atores nela diretamente envolvidos. É essencial para um escravocrata, por exemplo, que ele procure argumentar consistentemente em favor do regime de escravidão praticado nas suas propriedades, se quiser continuar praticando aquilo sem o repúdio de outros segmentos da sociedade. Um vivisseccionista (pesquisador que submete animais a experimentos nocivos) deve, por sua vez, ser capaz de construir uma argumentação lógica, completa e ética se desejar sustentar a sua metodologia de pesquisa. Fazendo uma analogia mais tangível nos dias atuais - e quão atuais -, um alto oficial do Exército que afirme que um homossexual não deve fazer parte das Forças Armadas deve ter argumentos muito bons para sustentar esta discriminação. Ou seja, cabe aos atores (diretos ou não) destas práticas substanciar uma discussão ética a seu respeito.

Acontece que, na exploração animal - diferentemente de em outras formas de discriminação e violência -, quase todos nós somos atores. Afinal, quase todos nós estimulamos direta ou indiretamente a criação, a experimentação, o confinamento e o abate de animais ao pagar por um produto ou serviço deles obtidos - carne, remédio, rodeio, queijo, frango, cosmético, ovo, couro, peixe. Ora, a mim parece que o dever moral de um indivíduo em tomar partido a respeito de uma determinada atividade é tão maior quanto maior for a sua participação nesta atividade. Logo, a maioria dos humanos deste planeta certamente tem um inequívoco dever moral de debater a exploração animal.

E se esta obrigação moral é real, a "tomada de partido" não pode ser feita às cegas, sob os mantos da ignorância ou da omissão; deve, em vez disso, ser embasada pelo máximo de informação e reflexão possível. Somente assim alguém pode se posicionar com consistência a respeito de um assunto tão complexo. Não nos faculta protelar a justa reflexão a este respeito, porque nós participamos todos os dias dessa exploração.

Sigamos debatendo.